Após a exibição do longa “O Aborto dos Outros” (Brasil, 2007), a diretora Carla Gallo se dispôs a debater sua obra, hoje à tarde, no Cinesesc, em São Paulo.
Aqui, breves trechos dessa conversa com o público:
Quando questionada se as pessoas que foram mostradas no documentário viram ou irão ver o filme, Carla Gallo respondeu que elas (mulheres) sabem que o filme está sendo exibido no Festival, mas que, para evitar que se sintam expostas, haverá uma sessão particular para elas.
Gallo foi questionada também sobre os motivos que a fizeram tocar em um assunto tão polêmico, como é o aborto, num país como o Brasil. Ela responde que duas foram suas principais motivações. A primeira foi o relato de sua mãe, que engravidara dela aos 23 anos, em princípio solteira, de família católica, enfim, numa série de dificuldades. Depois de realizar o exame de ultrassom, sua mãe busca o resultado e se surpreende ao receber junto deste um cartãozinho com um telefone de uma clínica de aborto. Desde então a questão da decisão da mulher sobre a maternidade ficou muito evidente para ela. Além disso, quando ela mesma (Gallo) decidiu ser mãe, percebeu que a maternidade está envolta por uma série de questões, que vão além das condições econômicas, passando pelas condições psicológicas e emocionais.
A platéia também perguntou à diretora como ela chegou às mulheres, cujas histórias foram relatadas no filme. Em resposta, Gallo explicou que no início ela tinha apenas um plano em mente e, ao conversar com sua assistente, ambas decidiram que jamais iriam tentar convencer qualquer mulher a falar sobre o assunto. A idéia era simplesmente apresentar suas idéias, sem convencimento. A diretora disse ter conversado com equipes médicas em hospitais e através destas, chegaram a elas. Daí então, elas conversavam e determinavam o limite sobre o ponto onde poderiam ir. Por isso, no filme, há mulher que mostra o rosto, mulher em que rosto é mostrado parcialmente, mulher que só aparece a voz, etc… Algumas, inclusive, chegaram a pedir que fossem utilizados filtros para disfarçar a voz, recurso esse que foi negado pela diretora.
Por fim, quando questionada se há previsão sobre a entrado do filme do circuito de cinema da cidade, Carla Gallo respondeu que já foi fechada uma parceria com um distribuidor, mas que por questões contratuais, ainda não é possível falar em datas. Mas ela espera que o filme chegue a todos, através das exibições nas salas de cinema, depois em dvd, e que ele possa alavancar discussões nas faculdades, entre os grupos interessados e etc.
Como é que é?!